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quinta-feira, 9 de junho de 2011

#14



Carência
Necessidade
Vontade
de te ter
de te abraçar
de te sentir
de te amar
só nós dois
paixão, rebeldia
ouve-se um "amo-te" de mansinho
um "eu também" bem pequenino
e nos amamos
nos juntamos
somos um só
como sempre fomos
e sempre seremos
e mesmo quando o mundo virar pó
a guerra virar hábito e vontade
nós continuaremos a amar
pois um só não pode mudar
mas nós dois podemos tentar

Kelly , 24 Agosto 2006

quinta-feira, 10 de março de 2011

#13

Apenas para actualizar ♥ 

Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.

À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.

Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.

Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.

Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.

Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.

Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.

Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.

A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.

Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.
 
Ricardo Reis ♥


sábado, 8 de janeiro de 2011

#12

Sim , andei afastada , mas vou voltar ♥
Não estou inspirada , e não quero copiar nada de ninguém , por isso fui aos meus registos antigos e encontrei isto :

"Sentada sozinha num banco de jardim
vejo pessoas passarem por mim
sinto-me só e perdida
neste mundo a que chamamos vida
não é vida...não e nada
sozinha eu aqui sentada
penso naquilo a que chamo amigos
naquilo a que chamo família
naquilo a que chamo felicidade...
e se tudo isso for só fantochada?
a felicidade não existir...
os amigos não serem verdadeiros
ate tremo só de pensar
que isto que pensamos ser verdade
ser só mais um teatro...
uma história a fingir
em que quando o pano cai
e nós reparamos que cometemos erros
querermos emendar...
e o pano não abrir
e ficamos assim perdidos sozinhos...
como eu estou neste momento
vendo pessoas também perdidas passando por mim
e eu sentindo o tempo passar num banco de jardim..."

23-Agosto-2006